Palestra tendo como foco principal notificar casos de suicídio de maneira adequada

(Foto: Gustavo Sampaio)
O tema “Suicídio e Mídia” foi discutido na tarde desta segunda-feira, 29, na XXI Semana de Comunicação. Os alunos Victor Duarte (7º semestre de Psicologia, UFC) e Erick Rebouças (4º semestre de Medicina, UFC), participantes do Projeto de Apoio à Vida (PRAVIDA), conduziram a palestra tendo como foco principal notificar casos de suicídio de maneira adequada. 

A cada ano, um milhão de pessoas se suicidam no mundo, o que significa um suicídio a cada 40 minutos. Ainda estima-se que este número cresça para 1,5 milhão de mortes anuais até 2020. O Brasil ocupa a 67ª posição na classificação mundial em taxa de suicídio. Já em números absolutos, o país encontra-se entre os 10 com maior quantidade de casos, contabilizando 25 mortes por dia.

Mesmo sendo alarmantes, esses dados não compreendem todos os casos devido a preconceitos de natureza religiosa, cultural e social, que impedem o correto dimensionamento do problema.Tais preconceitos existem pelo fato de o suicídio ser um fenômeno visto como tabu pela sociedade, que opta, muitas vezes, por encobrir o acontecimento ou notificá-lo como homicídio ou acidente. Este ideia de tabu impede uma discussão natural entre familiares e até por psiquiatras, que preferem não tocar no assunto por medo de influenciar o paciente ou parente a praticar tal ato.

Além disso, sabendo que, de acordo com pesquisas do PRAVIDA, um suicídio influencia no mínimo 6 pessoas que o acompanharam a pensarem em se matar e, sendo em local público, pode chegar a influenciar de 100 a 200 pessoas, como se deve abordar o assunto? E, antes de tudo, o assunto “suicídio” deve ser abordado?

A resposta é: sim. Conversar sobre suicídio principalmente com pessoas que planejam praticá-lo é muito importante para prevenção. Falar sobre o assunto faz com que a pessoa se sinta compreendida, o que lhe faz se sentir aliviada, diminuindo sua angústia. A mídia, por sua vez, trata o suicídio como produto cultural, utilizando-se da espetacularização do ato para chamar a atenção. A exposição do suicídio de forma escandalosa e, muitas vezes, passional, tem forte influência em pessoas que já pensam ou planejam se matar. Por isso, é essencial que o tema seja abordado de maneira correta.


Como fica na notícia? 

Com a ajuda de livros como o “Comportamentos suicida: conhecer para prevenir”, da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), temos acesso a dicas de como notificar esses casos adequadamente. Algumas das alternativas são:

- Evitar a palavra “suicídio” em chamadas e manchetes; incluí-la no corpo do texto tendo o cuidado de não usar termos como “tentou sem sucesso”;
- Evitar descrições detalhadas do método usado e de como foi obtido;
- A cobertura deve ser minimizada, o sensacionalismo deve ser assiduamente evitado;
- O problema de saúde mental da vítima deve ser apresentado e discutido;
- Não utilizar fotografia da cena do ato;
- Não simplificar o caso, lembrando que o suicídio é um fenômeno multifatorial (não apresenta apenas uma causa).

É importante que a mídia tenha um papel proativo na prevenção do suicídio, divulgando listas de serviços de saúde mental, com endereço e contato do local, listas com sinais de alerta de comportamento suicida e projetos também voltados a esse fim, como o PRAVIDA.

O PRAVIDA é um projeto de extensão da Universidade Federal do Ceará (UFC), no Hospital Universitário Walter Cantídio (HUWC), que oferece assistência terapêutica para pessoas que tentaram ou tenham a intensão de se suicidar.

Paula Lopes,
estudante do 2º semestre de Publicidade e Propaganda

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