Meio permite memória, autovalorização e identificação cultural e expressão política para pessoas desfavorecidas.
Professora Elisa Rodrigues comenta o papel da produção audiovisual nas periferias da cidade de São Paulo |
Na tarde desta quarta-feira (31), a produção audiovisual na
periferia invadiu a XXI Semana de Comunicação da UFC. Concedido pela professora
Elisa Rodrigues, o minicurso “Audiovisual e outros processos comunicativos na
periferia de São Paulo: discussões sobre ativismos políticos em arte” abordou
desigualdades socioculturais e movimentos marginais na maior cidade do País.
A professor explicou que, entre as cinco regiões paulistanas, a Zona Sul caracterizou-se,
historicamente, pela sua violência e esquecimento político. Durante a
década de 90, os bairros Jardim Ângela (considerado o mais
violento do mundo pela Organização das Nações Unidas – ONU), Capão Redondo e Jardim São Luís ficaram conhecidos pela alcunha “Triângulo da Morte”.
Nesse contexto, nasceram reivindicações, inclusive de ordem
cultural. O “rap”, disseminado pelo grupo “Racionais Mc’s”, foi o responsável
pelo advento do ativismo político ligado a arte nas comunidades desfavorecidas
brasileiras.
Entre os movimentos de resistência posteriores, está a
organização de saraus pela Cooperifa – Cooperativa Cultural da Periferia, que
proporciona encontros nos subúrbios para valorizar a cultura marginal, com
rodas de samba, peças teatrais, danças, apresentação de poesias, etc. Para
Elisa, a arte tem um papel de transformação social. “Ela pode fazer com que
esses sujeitos se sintam protagonistas, possam produzir seus trabalhos e
refletir sobre a condição da periferia”, completa.
As produções
Em 2007, o coletivo Arte na Periferia produziu o
documentário “Panorama – Arte na Periferia”,
apresentado no minicurso. O curta-metragem questiona o que é arte e o que é ser
artista para moradores da Zona Sul de São Paulo e demonstra, de perto, a
relevância da Cooperifa e seu trabalho nesse cenário.
O “Arte”,
que realiza produções audiovisuais independentes, foi tema da dissertação de mestrado de Elisa. Ela opinou sobre o alcance dos meios audiovisuais na
periferia: “Eles podem ser úteis para um processo de identificação, como
instrumento de luta. Podem representar a vida das pessoas, os desejos, o
cotidiano”, acrescenta.
Messias Vasconcelos,
aluno do 1º semestre de Jornalismo da UFC
aluno do 1º semestre de Jornalismo da UFC
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